terça-feira, 5 de maio de 2020

Democracia sim. Só que não!!!

No Brazil, o que temos é um sistema democrático relativo.
As castas sociais continuam a ser profundamente desiguais. Os representantes do estado estão aí para arrecadar, arrecadar, arrecadar e oprimir.
Se pensarmos bem sempre é golpe...
Os motores são: o grande capital - a Gana pelo poder civil-poder executivo-poder legislativo e poder judiciário. Todos irmanados e mancomunados. Travestidos de prestadores de serviço à nação...(sic...). O contraposto gritante e ver os salários dos magistrados da justiça de TODOS os estados, com a humilhação no atendimento dos milhões de brasileiros e brasileiras que pleiteiam os R$ 600,00 do Auxílio emergencial. Para simplesmente comprar comida e um botijão de gás. Isso um dia explode, como está acontecendo no Chile. Este estado de coisas não pode dar certo.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

A FABRICA DE AMENDOIM

Anos 70. Cornélio Procópio, norte do Paraná; eu tinha uns 10 anos, estudava num Colégio a 300 metros de casa. Havia uma professora de matemática e ciências D. Yoshie - japonesa, magra, altura média, um queixo proeminente. muito educada, muito risonha e com boa irregularidade na coluna. Ela era arqueada para frente - isto fazia com que seus movimentos fossem muito característicos.
Mas o melhor vem agora. O pai de D. Yoshie, era um velhão japonês, tão cortez e risonho como a filha, aliás ela era a cópia do pai. (não me lembro de sua mãe); nos fundos da casa da família havia Uma fabrica de "amendoim crocante", na  rua Colombo, paralela com a avenida principal.
Uma de nossas diversões, era juntar algumas moedas e ir correndo a rua Colombo comprar um montão de "amendoim japonês", crocante, cheiroso, gostoso demais. Aliás, o cheiro já se sentia da rua; o velho, a mãe, ou a própria D. Yoshie, nos atendiam alegres - como bons comerciantes, e nos entregavam AQUELE montão de amendoim "crocante e cheiroso" num saco de papel. A rua Colombo era muito íngreme, e lá descíamos a rua felizes e contentes e mastigando, croc-croc.
D. Yoshie era solteira e moderna. Ela tinha um Volkswagem Brasília Marrom. Depois que crescemos e ficamos moços, continuamos a encontrá-la pela cidade, sempre muito querida. Não sei quendo a fábrica de amendoim fechou as portas; provavelmente com a morte do pai. Mas o gosto de saborear amendoim crocante continua em nossa lembrança afetiva. Na minha continua com certeza. Não posso negar.
Amauri da Silva

domingo, 16 de setembro de 2018

A internet é muito mais que facebook e instagran.

É lugar comum dizer que a internet e a janela para o mundo.
Além de quase tudo estar conectado: inscrições em instituições e empresas - transações bancárias e toda sorte de trabalhos estão sendo digitalizados. Além disto a internet é a nova enciclopédia do conhecimento e pesquisa. Claro que não estou desmerecendo os livros físicos com seus preciosos conteúdos, mas na internet quando não temos acesso a tais livros, encontramos ao menos resenhas e comentários que nos ajudam a nortear o tema de nosso interesse.
Fico espantado com a limitação do grande público que passa a maior parte de seu tempo disponível navegando pelo facebook e instagran.
A internet também é cinema com o "streaming" de filmes dos mais diversos possíveis. É claro que para isto tem que pagar pelo uso do serviço, "não existe almoço grátis", todo benefício, produto ou serviço tem seu custo.
O conteúdo da tv aberta, perto do que podemos "customizar" na internet tornou-se um lixo. Os jovens não assistem mais a televisão - eles e elas customizam seu consumo de músicas, séries da netflix e outros fornecedores no tablet, computador e celular. Ou seja para quem é mais seletivo, a tv aberta já era. Tenho feito minha customização nos conteúdos do youtube pago ou gratuito, e devo dizer que estou muito satisfeito. Assisto o que quero; a hora que quero ou posso; o que era impensável a anos atrás. Portanto volto ao título deste post. "A internet é muito mais que facebook e instagran.

domingo, 2 de setembro de 2018

BOCA DO LIXO, o filme.

Lançado em setembro de 2012, adaptado do livro autobiográfico de Hiroito de Moraes; o filme retrata atmosfera noturna da Boca do Lixo, região boêmia no centro de S. Paulo, nos anos 50 e 60.
Até que uma tragédia pessoal - seu pai é assassinado e Hiroito é acusado. Ele então se muda para a boca e se torna um dos bandidos mais famosos de S. Paulo.
Sem contar que conta com amigos no poder, como delegados e comerciantes; (que também lucram com suas atividades). Jovem branco, bonito e de classe média; Hiroito gostava de matar; de se drogar; ele gostava de maldade. No elenco esta a querida Leandra Leal.
Encontrei este filme por acaso
- a reflexão que fiz ao assistí-lo foi constatar: Quantos Hiroitos estão por aí, inclusive nas pequenas cidades. 50 anos se passaram e o crime passou a ser um dos ramos de atividade comercial da sociedade, em todos os ramos não da para ser ingênuo/puritano e fingir que isto não acontece. Está escancarado diante de nossos olhos.

sábado, 25 de agosto de 2018

Elis, o filme.

Um filme de Hugo Prata, 2016. Uma bela obra; (sobretudo pelo ambiente de época).
Relata a trajetória de Elis Regina; seus rompantes; seu talento; seu entusiasmo, e por fim o aprisionamento dos brasileiros, homens e mulheres, em especial os mais jovens e/ou comprometidos com a liberdade civil; com a democracia nos terríveis anos de chumbo.
Vale muito assistir - disponível na internet e nos canais de streaming, pago ou gratuito,
(ver + no youtube.com.br).

sábado, 18 de agosto de 2018

A Ovelha negra

Havia um país onde todos eram ladrões. A noite, cada habitante sia, com a gazua, (chave falsa) e a lanterna, e ia arrombar a casa de um vizinho. Voltava de madrugada, carregado, e encontrava a sua casa arrombada. E assim todos viviam em paz e sem prejuízo, pois um roubava o outro, e este, um terceiro, e assim por diante, até que se chegava ao último, que roubava o primeiro. O comércio naquele país só era praticado como trapaça, tanto por quem vendia como por quem comprava. O governo era uma associação de delinquentes vivendo à custa dos súditos, e os súditos por sua vez só se preocupavam em fraudar o governo. Assim a vida prosseguia sem tropeços, e não havia ricos nem pobres. Ora, não se sabe como, ocorre que no país apareceu um homem honesto. A noite, em vez de sair com o saco e a lanterna, ficava em casa fumando e lendo romances.
Vinham os ladrões, viam a luz acesa e não subiam.
Essa situação durou algum tempo: depois foi preciso fazê-lo compreender que, se quisesse viver sem fazer nada, não era essa uma boa razão para não deixar os outros fazerem. Cda noite que ele passava em casa era uma família que não comia no dia seguinte.
Diante desses argumentos, o homem honesto não tinha o que objetar. Também começou a sair de noite e voltar de madrugada, mas não ia roubar. Era honesto, não havia nada a fazer. Andava até a ponte e ficava vendo passar a água embaixo. Voltava para casa , e a encontrava roubada.
Em menos de uma semana o homem honesto ficou sem um tostão, sem o que comer, com a casa vazia. Mas até aí tudo bem, porque era culpa sua; o problema era que seu comportamento criava uma grande confusão. Ele deixava que lhe roubassem tudo e, ao mesmo tempo, não roubava ninguém; assim, sempre havia alguém que, voltando para casa de madrugada, achava a casa intacta: a casa que o homem honesto deveria ter roubado. O fato é que pouco depois, os que não eram roubados acabaram ficando mais ricos que os outros e passaram a não querer mais roubar. E além disso, os que vinham para roubar a casa do homem honesto sempre a encontravam vazia: assim iam ficando pobres. Enquanto isso, os que tinham se tornado ricos pegaram o costume, eles também, de ir de noite até a ponte, para ver a água que passava embaixo. Isso aumentou a confusão, pois muitos outros ficaram ricos e muitos outros ficaram pobres.
Ora, os ricos perceberam que indo de noite até a ponte, mais tarde ficariam pobres. E pensaram: Paguemos aos pobres para irem roubar para nós. Fizeram-se os contratos, estabeleceram-se os salários, as percentagens: naturalmente, continuavam a ser ladrões e procuravam enganar-se uns aos outros. Mas, como acontece, os ricos tornavam-se cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Havia ricos tão ricos que não precisavam mais roubar e que mandavam roubar para continuarem a ser ricos. Mas se paravam de roubar, ficariam pobres, porque os pobres os roubavam. Então  pagaram aos mais pobres dos pobres para defenderem as suas coisas contra os outros pobres, e assim instituíram a polícia e construíram as prisões.
Dessa forma, já poucos anos depois do episódio do homem honesto, não se falava mais de roubar ou de ser roubado, mas só de ricos ou de pobres; e no entanto todos continuavam a ser pobres.
Honesto só tinha havido aquele sujeito, e morrera logo, de fome.
Autor Italo Calvino, (1923/1985), no livro "Um general na biblioteca), Cia das Letras 2007.