INDIOS GANHAM GASOLINA PARA VOTAR, MAS NÃO TEM COMO VOLTAR.
Centenas de índios que receberam combustível de candidatos para viajar de barco e votar em atalaia do Norte (1.036 km de Manaus), estão abandonados na cidade, sem recursos para voltar.
Sem ter como abastecer 94 canoas, ao menos mil índios, incluindo crianças e adolescentes, estão vivendo em barcos, barracos, improvisados no porto, galpões cedidos pela prefeitura e em casas de parentes, segundo a Funai.
Dar ou oferecer dinheiro ou vantagens para obter voto é crime previsto no Código Eleitoral, punido com pena de até quatro anos de prisão. “Candidatos indígenas e não índios estimularam a vinda mandando gasolina para as aldeias, depois os largaram. Uma coisa abominável”, disse Bruno Pereira, coordenador regional da Funai.
A Justiça Eleitoral deverá apurar os candidatos responsáveis pelo aliciamento. Os índios são da terra indígena Vale do Javari, fronteira do Amazonas com o Peru. Há vinte dias, os indígenas se deslocaram com as famílias para a votação. As viagens duraram de oito a dez dias pelo rio Javari.
Cerca de 600 índios votaram na cidade, disse o líder marubo Jader Franco, 30, da organização Univaja, (união dos Povos Indígenas do Vale do Javari). “Os caciques estão revoltados com os políticos”. O município teve três candidatos a prefeito e 85 a vereador. Compareceram às urnas 4.899 eleitores.
Pereira, da Funai, disse que uma comissão com participação da Justiça Eleitoral tenta solucionar o problema. Para providenciar o retorno serão necessários 35 mil litros de combustível, ou R$ 140 mil. Segundo ele, a Funai colaborou com 75 mil.
Kátia Brasil de Manaus. FOLHA DE S. PAULO, 11 de outubro de 2012.
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